terça-feira, 15 de maio de 2012

Pra lembrar

Éramos só nós dois. A casa estava lotada, mas eu só ouvia a chuva caindo e a tua respiração ao pé do meu ouvido esquerdo. A rede era pequena e a vista que tínhamos daquela sacada casava com o momento.
Sempre me perguntei quando estaria pronta para dizer: "Nunca me senti tão bem", mas não precisei. Tu olhou nos meus olhos, tocou no meu rosto e apenas sentiu. Eu estava realmente bem.
O tempo pela primeira vez parecia ter parado. Não pensei nas horas, elas estavam a nosso favor. De início me preocupei se alguém sairia lá fora pra dizer que precisávamos ir embora. Mas tu estavas ali, me abraçando, arrumando minha roupa que, vez em quando, encurtava mais do que devia. Tu estavas ali passando a mão em meu cabelo, me fazendo querer te olhar mais do que outra coisa qualquer.
Durante 4 horas e 12 minutos te conheci apenas por estar deitada junto a ti. Não trocamos muitas palavras, não precisava. Às vezes em que me mexi tu te ajustou ao meu corpo. Não dormimos, não fizemos nada além de conhecer um ao outro. Pelas mãos dadas, pelas pernas que se entrelaçavam, pelo teu braço envolta de mim e o cafuné no cabelo, vimos quem cada um era. Entendi o teu jeito misterioso e tu compreendeu a minha timidez.
Precisei de apenas 10 minutos para acalmar minha ansiedade e notar que tu não queria ir embora tanto quanto eu. Não queria acordar pro mundo a nossa volta, nem mesmo pensar que amanhã não nos veríamos. Que amanhã talvez nem existisse ou que apenas não fosse como gostaríamos. O amanhã realmente não importava.

Éramos só nós dois. Apenas eu e tu vivendo uma história não escrita, uma história curta, sem vírgulas e pontos finais. Uma história pra lembrar e apenas sentir saudade.