segunda-feira, 23 de julho de 2012

Uma carta de amor

"Papai, você é meu herói", "mamãe, você é a melhor do mundo", escrevia eu em tantas cartas na época de colégio. Hoje, na faculdade, volto a dizer o que há muito tempo não digo: "Mãe, você é a melhor do mundo", "pai, você é meu herói".
Dizem por aí que criança não mente, mais do que qualquer um vocês sabem que mentirinhas eram as minhas preferidas quando menor. Não estou querendo dizer que mentia anos atrás, apenas quero que entendam: Hoje, essas duas simples frases fazem mais sentido do que nunca. Hoje, eu sei o que significam e sei que vocês dois, mais do que qualquer pessoa desse mundo, são merecedores de tais palavras.

Quando a gente é criança, nossos pais são nossas únicas referências, são como espelhos e bengalas. Nos vemos olhando para eles e, ao mesmo tempo, nos amparamos em seus braços. O afeto entre pais e filhos pequenos é natural. É da natureza amar algo que está sempre conosco nos cuidando e ensinando.
Pai, mãe, não os amo somente por serem meus pais. Não os amo somente por terem me posto neste mundo, me criado e educado. Amo-os por serem quem são. Amo-os pela honestidade que carregam, pela humildade que passam a todos, pela persistência que mostram ao mundo, pela beleza rara que poucos ainda têm: o amor sincero. Amor que vejo em cada abraço, em cada ida à Porto Alegre, em cada telefonema de saudade, em cada ruga de preocupação, em cada mensalidade paga, em cada briga e discussão. Amor esse que sei só poder encontrar em vocês.

Não é difícil falar de quem mais amamos, difícil é encontrar palavras que possam englobar tudo sem esquecer o tudo. O tudo que vocês significam.
Por todas as noites mal dormidas, por todo suor escorrido, por todas as histórias lidas, banhos dados, gasolina gasta, por todo estresse causado, por todos os fios brancos, quero lembrá-los, meus queridos: Eu estou aqui.
Chegará o dia em que os cabelos brancos não serão consequência de minhas façanhas, chegará o dia em que eu os darei banho, contarei histórias e os colocarei pra dormir. Mesmo que seja cedo pra dizer, que ainda não seja necessário, eu quero poder lembrar a vocês o quanto puder. O amanhã é incerto, a vida pode ser injusta, mas lembrem-se, o amor sempre vence. Se a decepção acontecer, a tristeza bater a porta e os obstáculos forem maiores que nós, não esqueçam nunca, nosso amor é maior que tudo isso.

Oito cidades. Um belo número para uma jovem de 19 anos. Sabem aquela história de ter amigos de infância? Um único colégio? Uma única casa? Pois é, coisas que não pude ter. E, bem, hoje posso afirmar com toda verdade dentro de mim, vocês são a minha casa, os meus amigos, os meus melhores amigos. Pai e mãe, acreditem, não me faltou nada nessa vida. E se faltou algo, foram apenas algumas palmadas. Obrigada por toda estrada que percorremos, por todos os lugares que passamos, por todas as dificuldades que enfrentamos. Não fosse isso, hoje, eu não seria quem sou. E querem saber mais? Volto a velha história de criança. Volto aos meus 5 anos de vida e digo: quero crescer e ser como vocês. Quero a bondade da minha mãe, a gentileza do meu pai, a personalidade e o caráter das duas pessoas mais incríveis de toda a minha, ainda curta, passagem por esse mundo.

Peço que esqueçam das vezes em que os decepcionei, das vezes em que os magoei com palavras ou atitudes. Porém, peço que sempre lembrem: Eu amo vocês!


terça-feira, 10 de julho de 2012

Tic-Tac cinematográfico

Um vazio apertado
Uma memória nunca existida

Insaciável procura no escuro
Aquela vontade suprimida

Desejo corrompido, escondido
Verdade oculta, talvez reprimida

Sente-se no sofá, meu bem. Chegou a hora de ver na tv o que sonhou para si mesma.
Puxe a coberta, sirva o copo com vodca e aperte play.

Não segure a emoção, somente as paredes dessa sala poderão ver o que sentes.
Deixe a angústia da incerteza bater aí dentro, pulsar em tuas veias.

Quando a música entrar e os créditos subirem você verá, meu amor, não passava de uma ilusão muito bem ilustrada. Não passava de um livro doce retratado por imagens bonitas. Não passavam-se de cenas fictícias.

E você, minha pequena, não está nelas mas, bem, não se esqueça, ainda tens tempo até a hora de teus  próprios créditos subirem.