quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Palavras

Gosto tanto de escrever que, às vezes, quando as palavras fogem, escrevo teu nome ao lado do meu.
Mas é só quando elas fogem. Eu juro.

Não digas que sou indecifrável.
Que quando me olhas não sabe o que há por trás do meu sorriso.
Eu sei que tu sabes, e tu sabes que eu sei.

O que eu não sei mesmo é o motivo pelo qual fogem.
Elas tem essa mania chata de ir embora toda vez que tu direcionas o olhar a mim.

Mas se de mim elas correm, por favor, não as falsifique.
Deixe que me mandem embora ou convidem pra um café ali na esquina.
Deixe-as me dizer que, na verdade, tu só não sabes como dizê-las. Tem medo delas.

Mas eu sei, amor. Eu sei da verdade. Nós somos muito mais do que apenas palavras.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Alguns copos

Foram alguns copos que me deixaram assim.
Alguns copos alcoolizados e cheios da verdade.

Foram eles quem te ligaram às 4 da manhã de ontem.
Foram eles quem te disseram meu amor.
Quem te contaram o que me aborrece.

Foram eles quem, por algumas horas,
me fizeram não lembrar de como gosto de olhar nos teus olhos.
Esquecer do teu riso e apenas procurar por outro.

Foram eles quem aumentaram a música até que as
lembranças sobre nós não fossem mais tão nítidas.

Foram eles que, na volta pra casa, me forçaram a sentar no chão da sala
e colocar a cabeça entre os joelhos.

Mas eles são só copos. Somente alguns copos carregados da verdade.
Copos apenas tentando dizer que era com você que a noite deveria acabar.
Era ao teu lado. Eles não me querem mais, os copos.

Alguns copos, amor. Só uns cinco ou seistentando lhe dizer que ainda estou aqui e, bem, talvez não demore tanto pra ir embora.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

124 verbos para viver feliz

Brigar e gritar. Servir e tomar. Fumar e beber.
Lutar e poder. Empurrar e puxar. Socar e tapear.
Voltar e deixar. Sentir e esquecer. Raiar e brilhar.
Radicalizar e fazer. Cantar e desafinar. Sair e ficar.
Chapar e comer. Escolher e acertar. Bater e aliviar
Dançar e pular. Respirar e lamber. Tocar e morder.
Sonhar e voar. Cozinhar e apreciar. Cheirar e tatear.
Desenhar e pintar. Sujar e limpar. Saber e conhecer.
Velejar e surfar. Lambuzar e lavar. Trair e desculpar.
Nascer e morrer. Batalhar e ralar. Correr e caminhar.
Vencer e perder. Conquistar e vibrar. Escutar e dizer.
Pedir e receber. Namorar e pirar. Absorver e abstrair.
Engordar e emagrecer. Dar e gostar Trabalhar e vadiar.
Acabar e começar. Olhar e desviar. Avistar e procurar.
Sorrir e rir. Ir e vir. Saltar e cair. Aprender e prosseguir.
Poupar e gastar. Acender e apagar. Chorar e gargalhar.
Bolar e fechar. Comprar e vender. Viajar e enlouquecer.
Sorrir e rir. Ouvir e falar. Odiar e amar. Transar e gozar.
Mexer e errar. Ler e escrever. Envelhecer e rejuvenescer.
Achar e encontrar. Levantar e continuar. Irritar e bloquear.

Viver, viver muito.



terça-feira, 14 de agosto de 2012

Nossa maneira

Terça-feira, 5:22 da manhã. A insônia insistia em bater minha porta e tomar conta do meu travesseiro. Coloquei meus fones e fui até a minha sempre fiel companheira, a janela.
As coisas parecem só piorar e eu não venho fazendo muito pra que melhorem. A obscuridade do meu quarto iluminado apenas pela brasa do meu cigarro também não ajuda.
"Hoje eu preciso te encontrar de qualquer jeito", cantou Rogério Flausino em meus ouvidos. Olhei para cima  e o céu estava mais laranja que de costume. O sol já estava vindo, lembrei de ti.

Lembrei de como tu costumava me tratar, de como me sentia segura ao teu lado, de como me fazia bem fazer parte da tua vida. Senti vontade de remexer meu guarda-roupa, arrumar as roupas mal dobradas, a bagunça de sempre. Os sapatos atirados e sujos ainda da noite de sexta passada. Mas senti mesmo vontade de te ver. De olhar nos teus olhos e explicar porque fui embora.

E por que diabos fui? "Em um casal, um dos dois sempre ama mais que o outro", tu me disseuma vez. Avistei a prateleira acima da minha cama e pude ver meu livro preferido. Tu deves saber qual. Me assustei com a saudade. Me assustei também com o que dissestes naquele dia 13 de março. Passaram-se mais de dois anos, passaram-se meses, dias e pessoas,  e o que não passou foi a minha lembrança do teu sorriso tímido. O que não passou foi o ponto de interrogação na minha cabeça, a pergunta que sempre me fiz: "Por que me disse aquilo?".

Ouvi um barulho no quarto ao lado, era minha irmã também importunada pela insônia. Minha porta se abriu e ela disse: "Que cara é essa?" Cara de saudade, Gabriela. Saudade boa, sem tristezas ou mágoas. Nós éramos assim. Seguimos por caminhos diferentes, sem ressentimentos. "Amor", lembro de quando tu me chamou assim um dia após nosso término e disse que não sabia se dirigir a mim de outra maneira. E, bem, hoje posso te responder o que há dois anos atrás não o fiz: Amor, não nos amamos mais ou menos, não nos amamos por igual, amamos apenas da nossa maneira.