Terça-feira, 5:22 da manhã. A insônia insistia em bater minha porta e tomar conta do meu travesseiro. Coloquei meus fones e fui até a minha sempre fiel companheira, a janela.
As coisas parecem só piorar e eu não venho fazendo muito pra que melhorem. A obscuridade do meu quarto iluminado apenas pela brasa do meu cigarro também não ajuda.
"Hoje eu preciso te encontrar de qualquer jeito", cantou Rogério Flausino em meus ouvidos. Olhei para cima e o céu estava mais laranja que de costume. O sol já estava vindo, lembrei de ti.
Lembrei de como tu costumava me tratar, de como me sentia segura ao teu lado, de como me fazia bem fazer parte da tua vida. Senti vontade de remexer meu guarda-roupa, arrumar as roupas mal dobradas, a bagunça de sempre. Os sapatos atirados e sujos ainda da noite de sexta passada. Mas senti mesmo vontade de te ver. De olhar nos teus olhos e explicar porque fui embora.
E por que diabos fui? "Em um casal, um dos dois sempre ama mais que o outro", tu me disseuma vez. Avistei a prateleira acima da minha cama e pude ver meu livro preferido. Tu deves saber qual. Me assustei com a saudade. Me assustei também com o que dissestes naquele dia 13 de março. Passaram-se mais de dois anos, passaram-se meses, dias e pessoas, e o que não passou foi a minha lembrança do teu sorriso tímido. O que não passou foi o ponto de interrogação na minha cabeça, a pergunta que sempre me fiz: "Por que me disse aquilo?".
Ouvi um barulho no quarto ao lado, era minha irmã também importunada pela insônia. Minha porta se abriu e ela disse: "Que cara é essa?" Cara de saudade, Gabriela. Saudade boa, sem tristezas ou mágoas. Nós éramos assim. Seguimos por caminhos diferentes, sem ressentimentos. "Amor", lembro de quando tu me chamou assim um dia após nosso término e disse que não sabia se dirigir a mim de outra maneira. E, bem, hoje posso te responder o que há dois anos atrás não o fiz: Amor, não nos amamos mais ou menos, não nos amamos por igual, amamos apenas da nossa maneira.
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