sábado, 28 de maio de 2011

Diretamente proporcional

Educação, do verbo educar. Palavra bonita, significado importante, mas esquecido. Em tempos que dizer "bom dia" ao tio da padaria é o mesmo que "te amo" ao cobrador de ônibus, seria, no mínimo, equívoco exigir que outras palavras sejam utilizadas de maneira correta.
A maioria dos jovens de hoje não sabe o que quer. Aliás, acha que sabe. Estudar já não é mais prioridade, a ilusão de que sombra e água fresca se conquistam facilmente, cresce cada vez mais e, não há ninguém, além de nossos pais, que nos incentive ao crescimento do ensino.

São inúmeros os motivos pelos quais as próximas gerações distanciam-se do giz de cera em sala de aula. O governo do estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, teve seu pior desempenho na área da educação nos últimos quatro anos. Os professores são completamente deixados de lado. Assim, nos resta a dúvida, como não abandonaríamos algo que nos foi praticamente induzido a abandonar? Mesmo porque, é tão mais fácil governar àqueles que não sabem, ignorância alheia é música para determinados cartões de crédito.
O salário de um professor, no Brasil, é dez vezes menor se comparado ao de um jogador de futebol. Sendo razoável, o professor é absurdamente injustiçado. Receber uma merrreca ao fim do mês por educar e melhorar a vida de tantos outros, é digno de indignação.

A grande e mais intrigante pergunta não é o porque de tamanha rejeição por parte dos jovens para com o magistério mas, sim, o porque de tamanho descaso por parte do Estado para com os professores. Afinal, a primeira, é diretamente proporcional à segunda.

Para todo sempre

Passavam-se das cinco e vinte de uma tarde de quinta-feira. Henrique encontrava-se ao pé da sacada de sua casa. Mona, sua labradora, lhe fazia companhia.Era uma tarde como todas as outras, exceto pelo fato de completarem-se dois anos da morte de sua esposa. O velho e surrado chapéu de Henrique guardava todos seus pensamentos, lágrimas não derramadas, e uma consciência não tão tranquila. Como se aquele chapéu escondesse toda tristeza que aquele jovem aventureiro carregava.
"Dois anos, setecentos e trinta dias", pensou ele, observando algumas folhas que caíam aos seus pés. Desde aquele trágico e, infelizmente, inesquecível dia, nada mais fazia sentido para Henrique. Mona, que sempre fora a única a fazê-lo esquecer dos problemas, naquele dia, igualava-se ao inseto que subia pelo tronco de uma árvore, insignificante. Nada nem ninguém poderia estancar tamanha ferida no peito daquele solitário homem.
Henrique sentia-se mais do que sozinho, sentia-se como alguém que não merecesse mais viver. Seu corpo estava ali, mas sua alma e pensamento encontravam-se constantemente com as macias e suaves mãos de Ana Maria afagando seu cabelo.
Perguntava-se o porquê de não ter a amado mais. Mas afinal era impossível, não existira homem no mundo que já tivesse amado mais uma mulher do que ele a amava.
Ana Maria fora a primeira namorada de sua vida, a primeira transa, a primeira a dizer que seu cabelo ficava mais bonito curto, a única que ele tivera certeza que seria para sempre.
Após muitos minutos ali sentado, gritando por dentro, fugindo de suas lembranças, Henrique sabia que sua hora havia chegado. Era justo que fosse, precisava ser. Assim como sua esposa, inclinou-se para frente, observou o rio que corria abaixo de seus pés e deixou que a gravidade se encarregasse do resto.