E quando a luz do notebook se apaga corro até ele e aperto a tecla mais próxima, sinto que também me faz companhia. No momento em que não o vejo iluminando minha cama percebo que somos mesmo só eu e aquelas outras pessoas. Aquelas desconhecidas e também desocupadas em seus respectivos quartos do outro lado da rua.
Diversas vezes me pergunto o que estariam elas fazendo, ou melhor, o que pensariam se soubessem que existe alguém, naquele momento, pensando nelas. Com o que trabalham, estudam, quais seus sonhos, nomes e rostos. Estaria eu as importunando? Não acredito que me acusariam de invasão de privacidade. Apenas mais uma jovem com insônia e vontade de escrever sobre coisa qualquer.
O moletom velho guardado no fundo do guarda roupa já está chamando. O vento frio que vem entrando pede um abraço. Daí surgem as memórias, as lembranças e histórias. São tantas pessoas lá fora, tantas que já conheci. Quem se atreverá a dizer que uma delas já não passou por mim? A estrada foi longa, os caminhos se cruzaram e se fecharam mas, afinal, o que faço eu aqui, em meio a algumas almofadas, dois violões e tantos sonhos ainda não realizados?
Não posso perder o foco, já esqueci de trocar o lixo da cozinha e repor a água do meu cachorro. Acabei me perdendo com a lua crescente que me observa lá de cima. Fiz questão de não olhar para o relógio e lembrar que trabalho amanhã, as aulas também já vão começar e minha mente insiste em me desalinhar da vida que corre por fora dessa imensa janela.
Queria deixar um pouco de lado as preocupações. Essa vida de adulto vem me importunando ultimamente. Ir ao supermercado, pegar ônibus pra ir aqui e lá, responder a quem pergunta "sim, sou maior de idade". Pois é, qualquer coisa que aconteça não será mais o papai ou a mamãe a responder. Ah, são tantas coisas diferentes, já se passou quase um ano e eu pareço ainda estar "naquele esquema, escola cinema, clube televisão..". Que besteira dizer isso, tamanha infantilidade. Quase dezenove anos e ainda sente falta de casa? A saia da mãe e o colo do pai fazem falta? Quem diria! Tanto quis sair de casa, chutar o balde em festas, ganhar o próprio dinheiro, é.. Querem saber? Jogue a primeira pedra quem nunca sentiu falta de ser acordado por alguém que não um aparelho tocando determinada música que depois de um tempo acaba enjoando.
Mas, e agora, onde deixei meu pijama? Recorro a velha frase: "é muita mão", vou dormir assim mesmo, de roupa, antes que o vento acelere e leve embora minhas lembranças.
Queria deixar um pouco de lado as preocupações. Essa vida de adulto vem me importunando ultimamente. Ir ao supermercado, pegar ônibus pra ir aqui e lá, responder a quem pergunta "sim, sou maior de idade". Pois é, qualquer coisa que aconteça não será mais o papai ou a mamãe a responder. Ah, são tantas coisas diferentes, já se passou quase um ano e eu pareço ainda estar "naquele esquema, escola cinema, clube televisão..". Que besteira dizer isso, tamanha infantilidade. Quase dezenove anos e ainda sente falta de casa? A saia da mãe e o colo do pai fazem falta? Quem diria! Tanto quis sair de casa, chutar o balde em festas, ganhar o próprio dinheiro, é.. Querem saber? Jogue a primeira pedra quem nunca sentiu falta de ser acordado por alguém que não um aparelho tocando determinada música que depois de um tempo acaba enjoando.
Mas, e agora, onde deixei meu pijama? Recorro a velha frase: "é muita mão", vou dormir assim mesmo, de roupa, antes que o vento acelere e leve embora minhas lembranças.